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Fundo Mútuo – Aquisição de Terreiros
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Sobre a sustentação dos terreiros de Umbanda e a gestão financeira

Via de regra os terreiros de Umbanda vivem das contribuições mensais feitas pelos Médiuns da corrente, de doações eventuais de fiéis e da arrecadação de fundos em festas e outros eventos.

 

Sem uma organização vertical rígida, como a que existe em outras religiões – na Umbanda, cada terreiro é responsável pela sua própria gestão administrativa e financeira – dessa forma, os templos são mantidos pelos filhos de fé e pelos Pais e Mães de santo.

 

Inegavelmente, a principal fonte de renda dos terreiros é a contribuição mensal dos Médiuns. Isso tem que ficar claro e evidente, sem a participação dos Médiuns, não existe o terreiro.

 

Não é novidade para ninguém que estamos passando por uma grave crise econômico-financeira no Brasil, uma fase muito complicada, onde muitos Médiuns estão desempregados e sem uma perspectiva de solução do problema, que depende também da recuperação econômica do país.

 

Isso atinge diretamente os Templos Umbandistas, da mesma forma que, de maneira geral, é sentido em outras casas religiosas.

 

Entretanto, vamos focar nos terreiros de Umbanda, que na quase absoluta maioria, não tem um imóvel próprio, e assim, é preciso arrecadar a contribuição mensal para pagar o aluguel do barracão (maior despesa mensal do terreiro), e junto o IPTU e seguro do imóvel, além de luz, água, material de limpeza e todos os elementos para a firmeza e sustentação religiosa do templo.

 

Assim, se vai sobrevivendo, mas, existem muitos terreiros que não estão mais aguentando e estão fechando as portas.

 

Sem sombra de dúvida é muito triste ver uma casa religiosa fechando por ausência de recursos financeiros.

 

Grosso modo, isso acontece porque alguns dirigentes motivados por aparências e orgulho, muitas vezes se negam a discutir com os seus fiéis e consulentes os problemas financeiros, motivados pela ignorância de alguns, que afirmam que casa que tem problemas financeiros não tem Axé, não é ajudada pelos Guias.

 

Na Umbanda, os dirigentes não vivem do terreiro – ao menos não deveriam viver -, todos tem o seu trabalho, que também está sujeito a crise financeira, seja ficando desempregado ou diminuindo os seus negócios.

Sem meias palavras, parece um comodismo desmedido jogar a culpa nos Guias Espirituais, haja vista que se assim fosse, outras religiões não estariam passando pelo mesmo problema.

 

Outro ponto importante que devemos atentar é a caridade, muitos Médiuns, mesmo tendo uma boa situação financeira, por conveniência entendem que a “caridade” passa pela obrigação de manutenção do terreiro somente para os outros, utilizando-se das justificativas mais esfarrapadas para não contribuir.

 

Entretanto, nas mídias sociais, sempre aparecem “festando”… Assim, para esses Médiuns, o “dar de graça o que de graça recebestes” é percebido de uma maneira equivocada.

 

Manter o barracão alugado representa um custo mensal bastante significativo, que acrescido das outras despesas fixas mensais eleva ainda mais o custo total de manutenção. Se pensarmos numa contribuição mensal na ordem de R$ 50,00, conclui-se que são necessárias as contribuições de muitos Médiuns, somente para a subsistência do terreiro.

Deve-se entender que a contribuição mensal tem um caráter de rateio, não é uma mensalidade, ela é calculada com base na despesa efetiva, é uma cotização.

 

Assim, é fácil concluir também que qualquer conserto ou melhoria, torna-se impraticável, só com as contribuições mensais.

 

Daí surge a necessidade de se ampliar a base de arrecadação, surgindo, então, duas formas alternativas, a primeira é envolver a assistência na manutenção, pedindo uma contribuição, não se trata de cobrar o atendimento, mas conscientizar a assistência que é necessária à sua participação no sentido de estruturar as finanças da “casa santa” que eles frequentam.

 

A outra é a realização de festas e eventos, que, dependendo da participação efetiva dos Médiuns, envolvendo amigos e familiares, dão um fôlego extra as combalidas finanças dos Terreiros de Umbanda.

 

Fundo Mútuo

Por último, temos que pensar seriamente na necessidade de adquirir sedes próprias para os terreiros de Umbanda, de forma a garantir a continuidade da “comunidade do terreiro”, coisa que se torna impossível quando temos que, de tempos em tempos, buscar um novo barracão para tocar os trabalhos de caridade. Além disso, todas as reformas e melhorias no imóvel alugado se perdem, pois tornam-se agregadas a ele.

 

Sensível a essa realidade, a Diretoria Executiva da FECUB apresentou ao Conselho Deliberativo a proposta de se criar um “Fundo Mútuo para aquisição das sedes próprias para os terreiros”, que pode ser vista abaixo, que se pretende implantar ainda nesse ano.

 

O Fundo Mútuo seria instituído a semelhança de uma cooperativa, embora sem sê-lo, seguiria as mesmas regras para a sua constituição e funcionamento. Dessa forma, os imóveis adquiridos pelo Fundo Mútuo passariam a ser propriedade deste, que então alugaria para os Terreiros com algumas regras para utilização do espaço.

 

E assim, os associados do Fundo Mútuo, se tornariam proprietários de uma parcela de cada um dos imóveis adquiridos a partir dos recursos arrecadados.

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